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Roadburn 2013: The Afterburner

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Depois de 4 dias (incluindo nossa chegada à Holanda) insanos de cansaço, banda pra caralho, pés e pernas pedindo arrego, a carteira já chorando que não aguentava mais ver seu companheiro, a.k.a. dinheiro, indo que nem água no merch, eu acordei, olhei pros caras no quarto e um deles me solta um “É, acabou”. Na verdade não tinha acabado, tinha a porra do Afterburner todo ainda, cerveja + doom + cerveja + doom, tudo em looping o dia todo, mas no fundo o clima era esse mesmo.

Acabamos entrando em uma rotina que tava massa pra caralho, tirando a distância do hotel até o trem. Tilburg é uma cidadezinha MUITO massa, poderia passar o resto da minha vida lá só esperando os próximos Roadburn e seria um cara feliz. Uma cidade tranquila que privilegia o uso da bicicleta, assim como na Holanda toda, tem comida boa pra caralho, as pessoas são simpáticas, tem breja foda e é frio. Não preciso de mais nada.

Quando chegamos na estação indo pro fest, fui olhando meu livrinho com os horários das bandas e comentei com os caras que uma das que eu mais queria ver era o Ihsahn. Não que eu seja fã do trampo solo dele, nem sou, passo longe disso, acho até que beira o forçado pra ser “post” (se é que vocês me entendem), mas tem todo aquele lance do apego emocional pelo Emperor, de ter crescido ouvindo aquela merda. Eu sabia que não seria aquilo, seria só o Ihsahn com aquela música boçal e ainda assim eu insisti que queria ver, só pra dizer que vi. Mas esse show era um dos últimos, o dia ainda estava só começando.

O Afterburner tem um clima igual ao que comentei, é uma despedida mesmo. Tem bem menos gente, só os palcos do prédio principal funcionam, e ainda assim não são todos. Apenas o Mainstage e o Green Room viram bandas nesse dia. Inclusive o merch muda de lugar e passa pra um espaço bem pequeno no último andar, onde antes era a entrada pro Stage01 (aquele do The Electric Grindhouse Cinema). Porém não é por isso que as coisas deixam de ser foda. Tudo é tão animal quanto antes, só que em uma escala menor.

Chegamos pouco antes do show do Astra no Mainstage, mas entrei mesmo quando Pallbearer  tava montando o equipo no Green Room.

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Estava programado pra rolar o Diagonal na abertura do Green Room no Afterburner, mas os caras cancelaram e quem assumiu o posto, pra minha felicidade, foi o Pallbearer, o que rendeu mais um show foda dos caras, incluindo o cover de “Gloomy Sunday”.

Na quinta feira quando eles fizeram o show no Mainstage saiu tudo foda. Som foda, palco foda. Estava curioso pra saber como eles iam se sair no palco menor, aliás muito mais condizente com o tamanho da banda e ambiente onde eles devem se sentir mais confortáveis. No fim das contas, pareceu mesmo que ele estavam se sentindo mais “em casa”.

O show ficou bem mais na vibe. Aquele timbre crunchy, pesado pra caralho, as melodias tristes e sofridas de quem tá carregando a mãe pra cova… Esse show do Pallbearer foi praticamente uma aula de como se sentir nostálgico por um alguém imaginário que se foi. O destaque foi pro cover de “Gloomy Sunday”, que já é linda, mas eles gravaram uma versão animal e finalmente a tocaram ao vivo, já que não o fizeram na quinta-feira. Ponto fraco é que o vocal do Brett, apesar de estar bem melhor, ainda assim deixa a desejar ao vivo. Sorte que o instrumental mais o pacote todo do show deles compensam demais.

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Quando você acha que já viu de tudo…

No sábado eu tinha visto os caras do Sigh pra lá e pra cá na rua do Roadburn e comentei com os caras alguma coisa tipo “Velho, se liga o Sigh” e me perguntaram “Como você sabe?”, no que respondi “Ora, são os únicos japoneses no role todo e o Mirai com aquele cabelo de bruxa velha, tá fácil saber né?”.

O Sigh é o tipo da banda que chega com bota na fuça de quem não estava esperando por muita coisa, o que era meu caso. Eu acompanho a banda, vejo videos no youtube de shows e tal, mas ver aquilo de perto é completamente diferente. Começa que o palco é todo ritualístico. Tem uma mesa coberta com um pano preto e os enfeites de crânio, vela preta e um bagulho meio gelatinoso do lado que parecia a porra de um polvo morto (ou alguma coisa tão gosmenta quanto). Tanto o Mirai quando a Mikannibal tem uma presença de palco impressionante. Especialmente a Mika, que é toda meiga e jeitosa mas tem um gutural de fazer inveja à Runhild, e olha que o dela é monstro!

O show basicamente teve dois momentos: Um com a Mika com uma roupa de gueixa e outro quando ela voltou com uma fantasia, dessas que se compra em sex shop, com uma asa preta atrás e MUITO  sangue na cara. Inclusive derrubando cera de vela no corpo. Ela sozinha é a maior parte do show, difícil tirar os olhos porque ela faz tudo: Canta limpo, canta gutural, sensualiza, derruba sangue na boca, dança e invoca o satanás.

Um outro destaque foi a máscara do Mirai que tinha um dispositivo que ele apertava um botão e soltava fogo pelo chifre, hehehe! Foda!

Eles ainda tocaram “A Victory of Dakini” do Scorn Defeat, play lançado na época pela Deathlike Silence do Euronymous, e fecharam o show com o cover de “Black Metal” do Venom. Não podia ser melhor, puta show!!

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E eu achando que por ter menos palco, logo menos bandas, o dia seria mais “fácil”. Até seria, se eu não quisesse ver tudo, hahaha!

Saindo daquele espetáculo que foi o Sigh, tentei entrar no Nihill, mas tava estrumbado, uma fumaceira do caralho dentro do Green Room. Quase desisti, mas pensei que aquela era a única apresentação da banda. Nunca tinham feito um show antes, provavelmente não fariam outro, então eu precisava estar ali. Resolvi tentar o caminho inverso, indo por trás do palco, por onde estava o merch, de onde saía um corredorzinho minúsculo que levava ao mezanino do Green Room que estava lotado também, não dava pra ver nada. Então desci pela escada e aí deu futuro. Do lado do mano da mesa de som, um espaço animal. Imaginem andar de metrô em horário de pico. Você tenta entrar, todo mundo aglomera na porta e o corredor fica vazio. Foi isso.

O clima desse show foi uma parada de outro planeta. O background de palco dos caras era uma imagem MUITO escura de uma floresta verde musgo/preta que mal dava pra distinguir. De luz só tinham alguns spots esverdeados e azulados vindo do teto, mas bem fraquinho, nenhum iluminando os caras. A máquina de gelo seco fez do lugar quase um pântano, tinha TANTA neblina na sala a ponto de quase não dar pra enxergar alguns metros à frente, sorte que ela ia dissipando rápido. Todos os caras com jaco de couro e moletom por baixo com o capuz por cima da cabeça, exceto o vocal que deixou sua careca reluzente e ainda assim, não era possível enxerga-lo.

Em meio à todo esse cenário completamente desolado, escuro e sufocante, o caras tocando aquela máquina de guerra que é o som deles, cheio de dissonâncias e blasts intermináveis. Aquela sala escura e todo aquele ambiente fizeram do show o mais climático de todo o fest. Você praticamente estava em algum pântano lodoso fugindo de algum psicopata com trilha sonora digna de uma banda francesa NOEVDIA à la Deathspell Omega, Blut Aus Nord, Antaeus, embora eles sejam holandeses e o último disco tenha saído pela americana Hydra Head. Que show, eu saí de lá já meio que sentindo a missão do dia cumprida. Mas ainda tinha Die Kreuzen, Ihsahn e Switchblade pra ver.

Esse era o canto que eu estava…

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Eu tinha ainda duas horas até ver Die Kreuzen e durante esse tempo tinha a merda do Spiritual Beggars. Então o que dava pra fazer era tomar uma breja e ciscar no merch de novo, onde acabei dando de cara com o Mike Amott. Um camarada meu disse “Porra, esse não é o Amott?” e eu retruquei “Ele mesmo”. “Porra, vamos lá falar com ele?”, “Vamos, espera só eu pegar uma garrafa pra dar na cabeça dele enquanto você fala”, respondi. O maluco teve um colapso de tanto rir, uhauhauahauhauaauh! Foi foda, parecia dois mongos rindo alto um tempão numa área bem pacífica do fest.

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Como tava com tempo sobrando, chegamos cedo e pegamos a primeira fila pra ver o Die Kreuzen. Vimos toda a montagem do palco e tudo mais. Não vou ficar enrolando vocês aqui, porque eu já tava breaco essa hora. Fiquei um tanto e saí pra pegar mais cana, quando voltei o show tava no fim e ainda peguei a palheta do Jay.

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Fui pegar o show do cara, mas aí entrou uma banda com os caras no visú mais hipster do mundo voando de um lado pro outro. Sério, os caras pareciam que tinham uma cama elástica no pé. Um lance tão vexatório que tava mó galera saindo, e eu só ouvia comentário do tipo “What the fuck is that?”, “Crap”, “For me that’s it, let’s have a beer and smoke a joint” e a afins. Como também sou filho de Satanás, saí e encontrei os camaradas. A conversa foi assim:

“Cara, Você viu aquilo?”

” Aquilo o que, aqueles veado?”, eu disse.

“Sim, puta merda… tem que esperar uma hora até o Ihsahn entrar pra tocar com eles”

“Ah cara, vou esperar, quero ver o Ihsahn“, insisti.

“Tá certo, mas se sair de lá abraçado com um homem, não é culpa minha”

De novo, outro ataque de riso. Mas eu insisti e resolvi voltar depois pra ver um teco do som do cara. O Mainstage tava vazio (proporcionalmente pela capacidade e pelo que se espera de um show do cara). Também, acompanhado de uma banda ridícula daquelas… Dei as costas e saí andando. Foi minha última vez no Mainstage.

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Saímos, tomamos uma breja, vi um teco do Switchblade e voltamos pro hotel pra deixar as coisas no jeito que de manhã viajaríamos de volta pra Amsterdam para passar o dia. Eu fiquei bem pouco, mas o palco deles tava animalesco. E no outro dia, um camarada me disse que o mano teve a manha de queimar um Model-T da Sunn O))).

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Era o fim do Roadburn, uma experiência única e muito foda. Pra quem é fã de doom, certamente é melhor fest do mundo. Que venha o de 2014!

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  1. Nihill
  2. Sigh
  3. Pallbearer

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Tudo que trouxe e aqui seria difícil pegar lá sai num preço MUITO barato! Inclusive o box do Burning Witch, que peguei pela metade do preço e ainda saí com ele autografado.

  • 33 bandas – Número de shows que eu vi;
  • 12 camistas – Compradas no merch;
  • 8 vinis - Número de discos que peguei sem contar se é duplo, ou no caso do box do Burning Witch, quadruplo;
  • 7 patchs - Tudo baratinho, mesmo os bordados
  • 2 posteres – Ganhei o do Roadburn 2012 em A1, enorme, que ainda preciso enquadrar, e peguei um em A2 do Gravetemple;
  • 1 livro - Tabula Obscura, onde um dos ilustradores é do Reverend Bizarre;
  • 1 vinil bag – Do Kadavar.

balanco

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Caso você queira ir ano que vem, algumas dicas são importantes (e se eu tiver esquecido alguma coisa, me manda email intervalobanger@gmail.com, ajudo como puder,exceto com dinheiro, hehe!)

  • Fique atento à data da venda dos ingressos. Você só tem alguns minutos nesse dia pra efetuar a compra.
  • Antes de comprar, cadastre-se na ticketmaster holandesa.
  • Eles não aceitam paypal (nem adianta chorar) e cartão de crédito só se for emitido na Europa ou USA. Mesmo sendo internacional, se for emitido aqui, não serve.
  • Procure um hotel desde já em Tilburg e faça sua reserva logo. Aquilo esgota rápido e ficar em Breda onde eu fiquei, só se for a última opção, porque o trajeto de trem sai 8 euros por dia. Se pensar, sai um vinil (simples) por dia. Se ficar longe da estação como eu fiquei, tá fodido. Tem que ser de táxi, e aí você rodou.
  • Se ficar em outra cidade: Respeite os horários, lá as coisas funcionam mesmo. Se chegar dois minutos depois do último trem, ele já se foi há dois minutos. Não tem choro.

Espero que tenha sido útil, caras. Espero ver mais brasileiros lá ano que vem. Falar em inglês o tempo todo é um saco, ainda mais que meu inglês é meio faixa amarela só. Como diriam os wiggers hop, “doom é compromisso”

Hail Satan!

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